Friday, January 28, 2005
Homenagem ao eterno "metamorfose ambulante"
"Ouro de Tolo" - Composição: Desconhecido
Eu devia estar contente porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mês
Eu devia agradecer ao Senhor por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz porque consegui comprar um Corcel 73
Eu devia estar alegre e satisfeito por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos aqui na Cidade Maravilhosa
Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada e um tanto quanto perigosa
Eu devia estar contente por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado que eu estou decepcionado
Porque foi tão fácil conseguir e agora eu me pergunto: E daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado
Eu devia estar feliz pelo Senhor ter me concedido o domingo
Pra ir com a família ao Jardim Zoológico dar pipoca aos macacos
Ah! Mas que sujeito chato sou eu que não acha nada engraçado
Macaco praia, carro, jornal, tobogã, eu acho tudo isso um saco
É você olhar no espelho se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado que só usa dez por cento de sua
Cabeça animal
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está constribuindo com sua parte para o belo quadro social
Eu que não me sento no trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar
Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê assenta a sombra sonora de um disco voador
Eu que não me sento..."
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