Tuesday, August 08, 2006

Férias

Deitada na cama do quartinho, senti a brisa vinda da "floresta" atrás da casa. Pela primeira vez em muito tempo precebi a brisa, algo que é tão frequente no lugar onde morei que quase nem nos damos conta dela. Aqui, só desse quarto eu percebo o ventinho. No resto da casa a brisa, quando vem, lembra mais o bafo de um dragão com azia.
Fiquei aqui pensando em como as coisas se tornam tão banais a ponto de não as percebermos mais. Como ficar de mau humor quando algo não vai bem, e secar feito maracujá, velho, amarelo, de rabugice, sem se dar conta do tempo jogado fora. Ou de se decepcionar com o amor e achar a coisa mais normal do mundo dizer que "homem é tudo igual" ou "mulher não presta". Se iludir com palavras a ponto de inventar uma história e repetí-la à exaustão até acreditar na própria mentira.
Por isso é que eu fico sem beber, prestando atenção aos outros que bebem, vez ou outra. É interessante você ver o outro lado, desviar a atenção do rotineiro, quebrar seus próprios modelos. A gente se surpreende ao ver o quanto a gente se ilude.
"A walk on part in a war or a lead role in a cage?"
Férias pra mim sempre tiveram um gosto especial. Um sei lá misturado de liberdade e tempo para "tarefas" acumuladas, como ler muito, inventar coisas novas ou simplesmente não fazer nada.
Hoje as férias estão muito sem gosto. Falta ums pitada de canela, ou quem sabe, graças as novas dietas da moda, estão "sugar-free". Não sei. Não se fazem mais férias como antigamente. Ou fui eu que esqueci como são realmente.
(Nova Iguaçu, RJ, 20/12/2005)

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