Tuesday, October 03, 2006

Algo que não encaixa

"E é só você que tem a cura do meu vício de insistir
Nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi..."
(índios - legião urbana)

Ah, tá bom. E pensar que sempre se pode achar algo pra escrever...
No meio dessa "seca" criativa (que não reflete meu estado de espírito, muito pelo contrário...) muita coisa aconteceu, muita coisa foi pensada, sentida, dita e feita, mas pouco se escreveu, pelo simples fato de ser esta que vos escreve uma espécie de Ernest Hemmingway às avessas. Acordo um belo dia e resolvo: "Vou escrever! Ora, que maçada, vê se tem cabimento uma escritora que, em tendo material literário a balde, debalde o escreve, se priva de seu ofício!" Toca a trabalhar; procuro aqui e ali um mote, um início, uma desculpa qualquer, e eis que, em uma epifania aristotélica, surge em minha mente o motivo, não para produzir uma crônica ou mesmo um conto , mas o motivo, a razão da falta da tal inspiração: a emoção, esse buraco negro dos sentimentos, tomou conta do meu ser. Desta feita o máximo que conseguirei será um texto até que bem escrito, modéstia às favas, mas sem sentimento. O sentimento, meus senhores, se absorveu, se embebeu em meu ser, atraído pela emoção, e hoje tudo o que sei de escrever é dado à tecnica, pura e simples. Mas, ó indignamente teimoso ser, a escritora insiste e quer ser lida, mesmo sabendo que não vai despertar no leitor mais do que a fagulha que a ela própria fez perder algumas horas e traçar algumas linhas. Isso se muito.
(...)
Ora, ora.
Após o festival de pernosticismo acima, vamos ao post de verdade: Tenho milhares de palavras que não saem da minha cabeça, e algumas até escapam, mas a maioria fica perdida pelo caminho. Acho que ando com minha cabeça muito acima da mão (acima das nuvens, melhor dizendo...) pra conseguir traduzir em textos o que vem acontecendo em minha vida. Por ora tudo o que me vem são sensações, boas, ânimo renovado pra finalmente começar a viver, do jeito que sempre achei que devia, que era certo pra mim, mas que não era verdade suficiente para os outros. Viver a minha realidade, não sobreviver na opinião alheia. Mas vou achar e destravar o botão de escrever com emoção, pode deixar.

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