Tuesday, October 03, 2006

Marieta ataca novamente - mais um capítulo

oi.
Sei que nunca fui o que você achava que eu deveria ser. Por mais que nossa vida e convivência fosse perfeita, sabia que pra você, algo não se encaixava em mim. E sinceramente, isso nunca me afetou...até o dia em que você resolveu que deveria me mudar.
Meu amor por você nunca vai ser negociado, ele faz parte do meu ser, assim como prefiro acreditar que seja com você. Isso nem está em discussão. Agora, amar não pressupõe aceitar demandas sem questionar. Este direito você vem exercendo, não pelo seu poder hierárquico, como você pensa, mas pelo amor. Gostaria também de poder exercer esse direito, que também tenho, de questionar as nossas decisões, de não engolir o que não aceito.
Eu sempre fui diferente, concordo. Acho que pra você, se eu aparecesse um belo dia e dissesse: "Gente, sou lésbica", ou então "Vou me alistar na Legião Estrangeira", você provavelmente nem iria entranhar, porque de mim se esperaria algo assim, bem "tosco" e esdrúxulo. Depois da "não-surpresa", você iria tentar me demover da idéia, e talvez até fosse bem sucedida. Porque durante muito tempo, eu acreditei nos livros. Você nunca precisou me dizer quais eram nossos papéis na nossa relação, porque estava tudo lá. Se eu tivesse uma opinião, e ela fosse contraria a sua, provavelmente era porque a minha era errada, e apesar de ainda achar que não, pois pensava muito e pra mim era o que tinha lógica, eu aceitava a sua lógica, de pessoa mais velha e experiente. Mas sou mais velha e experiente agora, já vivi, já viajei, convivi com pessoas dos mais diferentes naipes e tive contato na prática, com o que antes eu deduzia na teoria e arquivava, para dar lugar aos seus "pré-conceitos" sobre a vida. Se antes eu concordava, apesar de matar meu ser aos poucos com essa atitude auto-repressora, hoje não mais. Sei que sou única no mundo, minhas opiniões e visões do mundo servem só pra mim, e mais ninguém, e tenho certeza que elas estão certas. Elas constituem a minha verdade, a Verdade sobre a minha existência, algo que vinha buscando, inconscientemente, desde que me entendo por gente. Então não ligue se eu ouvir seus "conselhos", assentir com educação, sair e fazer algo diferente. Respeito sua forma de viver, mas meu caminho quem vai traçar sou eu.

Um beijo.
Marieta C.

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