Friday, October 14, 2011

Bom fim de semana!

ANÁLISE SOCRÁTICA DOS TEMPOS ATUAIS
por  FREI BETO 

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei:
'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'.
Comemorei: 'Que bom então de manhã você pode brincar e dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...
' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. 

Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. 
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias!
Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.

Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'.
'Olha uma maravilha, não tinha uma celulite!'
Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

A palavra hoje é 'entretenimento' ; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva.
Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. 

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!'

O problema é que, em geral, não se chega!
Quem cede, desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista.
Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.
Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping Center.
É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo.
E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista.
Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.

Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus.
Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório.
Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...
Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hamburger do Mc Donald...

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático.'
Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas.
Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: 
-"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz !"

Thursday, September 22, 2011

Dancing nancies

"Could I have been a parking lot attendant
Could I have been a millionaire in Bel Air
Could I have been Lost somewhere in Paris
Could I have been your little brother
Could I have been anyone other than me...


He stands touch his hair his shoes untied
Tongue gaping stare
Could I have been a magnet for money?
Could I have been anyone other than me?


Twenty three and so tired of life
Such a shame to throw it all away
The images grow darker still
Could I have been anyone other than me? Then I


Look up at the sky, my mouth is open wide, 
Lick and taste, what's the use in worrying, 
what's the use in hurrying
Turn, turn we almost become dizzy



I am who I am who I am who am I
Requesting some enlightenment
Could I have been anyone other than me?
Sing and dance I'll play for you tonight
And thrill at it all
Dark clouds may hang on me sometimes
But I'll work it out then I
Look up at the sky...
Falling out of a world of lies...
Could I have been dancing nancy... dancing nancy"
(Dave Matthews Band)


obs: It's so cute, he wanted to be a transvestite prostitute (just FYI, that's the meaning for "dancing nancy" according to the Urban Dictionary)

Wednesday, July 27, 2011

Sinal dos tempos - cantadas musicais

Onde é que vamos parar?
Uma triste constatação.
Uma análise da evolução da relação de conquista e do amor do homem para a mulher através das músicas que marcaram época.
Não é saudosismo, mas vejam como os quarentões, cinquentões tratavam seus amores.
É por isso que, de vez em quando, vemos uma mulher nova enroscada no pescoço de um quarentão, cinquentão...
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 Década de 30:
Ele, de terno cinza e chapéu panamá, em frente à vila onde ela mora, canta:
"Tu és, divina e graciosa, estátua majestosa!
Do amor por Deus esculturada.
És formada com o ardor da alma da mais linda flor,
de mais ativo olor, na vida é a preferida pelo beija-flor...".
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 Década de 40:
Ele ajeita seu relógio Pateck Philip na algibeira, escreve para Rádio Nacional e manda oferecer a ela uma linda música:
"A deusa da minha rua,
tem os olhos onde a lua,
costuma se embriagar.
Nos seus olhos eu suponho,
que o sol num dourado sonho,
vai claridade buscar".
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 Década de 50:
Ele pede ao cantor da boate que ofereça a ela a interpretação de uma bela bossa:
"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça.
É ela a menina que vem e que passa,
no doce balanço a caminho do mar.
Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema.
O teu balançado é mais que um poema.
É a coisa mais linda que eu já vi passar".
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 Década de 60:
Ele aparece na casa dela com um compacto simples embaixo do braço, ajeita a calça Lee e coloca na vitrola uma música papo firme:
"Nem mesmo o céu, nem as estrelas, nem mesmo o mar e o infinito
não é maior que o meu amor, nem mais bonito.
Me desespero a procurar alguma forma de lhe falar,
como é grande o meu amor por você...".
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 Década de 70:
Ele chega em seu Fusca, com roda tala larga, sacode o cabelão, abre porta pra mina entrar e bota uma melô jóia no toca-fitas Roadstar:
"Foi assim, como ver o mar,
a primeira vez que os meus olhos se viram no teu olhar...
Quando eu mergulhei no azul do mar,
sabia que era amor e vinha pra ficar...".
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 Década de 80:
Ele telefona pra ela e deixa rolar um:
"Fonte de mel, nos olhos de gueixa, Kabuki, máscara.
Choque entre o azul e o cacho de acácias,
luz das acácias, você é mãe do sol. Linda...".
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 Década de 90:
Ele liga pra ela e deixa gravada uma música na secretária eletrônica:
"Bem que se quis, depois de tudo ainda ser feliz.
Mas já não há caminhos pra voltar.
E o que é que a vida fez da nossa vida?
O que é que a gente não faz por amor?".
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 Em 2001:
Ele captura na internet um batidão legal e manda pra ela, por e-mail:
"Tchutchuca! Vem aqui com o teu tigrão.
Vou te jogar na cama e te dar muita pressão!
Eu vou passar cerol na mão, vou sim, vou sim!
Eu vou te cortar na mão!
Vou sim, vou sim!
Vou aparar pela rabiola!
Vou sim, vou sim!".
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 Em 2002:
Ele manda um e-mail oferecendo uma música:
"Só as cachorras! Hu Hu Hu Hu Hu!
As preparadas! Hu Hu Hu Hu!
As poposudas! Hu Hu Hu Hu Hu!".
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 Em 2003:
Ele oferece uma música no "baile":
"Pocotó, pocotó, pocotó... minha éguinha pocotó!".
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 Em 2004:
Ele a chama pra dançar no meio da pista:
"Ah! Que isso? Elas estão descontroladas!
Ah! Que isso? Elas Estão descontroladas!
Ela sobe, ela desce, ela dá uma rodada, elas estão descontroladas!".
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 Em 2005:
Ele resolve mandar um convite para ela, através da rádio:
"Hoje é festa lá no meu apê, pode aparecer, vai rolar bunda lelê!".
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 Em 2006:
Ele a convida para curtir um baile ao som da música mais pedida e tocada no país:
"Tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha!!!
Calma, calma foguetinha!!!
Piriri, piriri, piriri, alguém ligou pra mim!".
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 Em 2010:
Ele encosta com seu carro com o porta-malas cheio de som e no máximo volume:
"Chapeuzinho pra onde você vai, diz aí menina que eu vou atrás.
Pra que você quer saber?
Eu sou o lobo mau, au, au!
Eu sou o lobo mau, au, au!
E o que você vai fazer?
Vou te comer, vou te comer, vou te comer,
Vou te comer, vou te comer, vou te comer,
Vou te comer, vou te comer, vou te comer".

Saturday, July 02, 2011

PARTIDA (Bruno Gouveia)

Para meu filho, Gabriel († 10-08-08 / 17-06-11)

a morte de um filho
é uma gravidez às avessas
volta pra dentro da gente
para uma gestação eterna

aninha-se aos poucos
buscando um espaço
por isso dói o corpo
por isso, o cansaço

E como numa gestação ao contrário.
a dor do parto é a da partida
de volta ao corpo pra acolhida
reviravolta na sua vida

E já começa te chutando, tirando o sono
mexendo os órgãos, lembrando o dono
que está presente, te bagunçando o pensamento
te vazando de lágrimas e disparando o coração,

A morte de um filho é essa gravidez ao contrário
mas com o tempo, vai desinchando
até se transformar numa semente de amor
e que nunca mais sairá de dentro de ti.

Sunday, June 19, 2011

O verdadeiro estado da Educação no Estado RJ

Isso é para aqueles que me acusavam, cinicamente, de saber do valor do salário quando fiz concurso. Imagine então, um professor agora ter que tomar conta do "piu-piu" e da "perereca" dos alunos? Isso com certeza eu não vi nas atribuições do cargo, lá no edital!!!

"Plano de Metas da Educação do Rio de Janeiro: do economicismo ao cinismo"
Gaudêncio Frigotto, Vânia da Motta, Zacarias Gama e Eveline Algebaile

"Em artigo, pesquisadores Gaudêncio Frigotto, Vânia da Motta, Zacarias Gama e Eveline Algebaile analisam a política anunciada pela secretaria estadual de educação para o Estado do Rio de Janeiro, que associa a gratificação aos docentes ao cumprimento de metas. Para eles, o estado caminha na contramão das resoluções da Conferência Nacional de Educação
Em entrevista ao Globo News, o Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Risolia, na sexta-feira, dia 07.01.2011, anunciou as cinco frentes de trabalho para a educação pública ao longo dos próximos quatro anos. Em extensa matéria, sob o título Choque na Educação, o jornal O Globo (08.10.2011, p. 14) detalha estas medidas. Confessamos que ficamos estarrecidos pelo caráter economicista e tecnocrático, e pela superficialidade das medidas propostas.
As cinco frentes de trabalho apresentadas teriam como objetivo atacar as questões pedagógicas, o remanejamento de gastos, a rede física, o diagnóstico de problemas e os cuidados com os alunos. As medidas mais destacadas, porém, foram a implantação de um regime meritocrático para a seleção de gestores; a realização de avaliações periódicas; o estabelecimento de metas de desempenho para balizar a concessão diferenciada de gratificações aos docentes; e a revisão das licenças dos 8 mil professores em tratamento de saúde. Ou seja, medidas que reforçam a ideia de que, no fim das contas, os profissionais da educação são os responsáveis pelos problemas educacionais, resumidos, por sua vez, aos baixos índices obtidos pela rede estadual no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). Um exemplo da lógica de suspeição aí implicada é a contratação de uma empresa privada para passar um pente fino nas licenças médicas, sinalizando um duplo pré-julgamento: aos profissionais de saúde que concederam a licença e aos próprios professores que buscaram atendimento. Por certo, há implícita uma meta de quantos destes não podem passar no pente fino e deverão, agora saudáveis e motivados, voltar às salas de aula.
Trata-se, portanto, de uma proposta que não vai ao fundamental e pega o pior atalho: premiar quem chega às metas, metas imediatistas, de lógica produtivista, que não incorporam medidas efetivas voltadas para uma educação pública de qualidade. A lógica subjacente à proposta, que já está sendo chamada de choque de gestão de administração, apenas trabalha com dois conceitos fundamentais: forçar o professorado a produzir um IDEB elevado, sem efetivamente melhorar as suas condições de trabalho, e baratear o custo da educação adotando, de imediato, a meta conservadora de economizar R$ 111 milhões dos gastos. Uma lógica tecnocrata que reconhece somente cálculos de custos e de benefícios, que vê as pessoas apenas como dados, destituídos de vontade e voz, indo de encontro às próprias bases ideológicas liberais e neoliberais que ainda consideravam o homem dotado de livre iniciativa, mesmo em sua forma de indivíduo, homo economicus.
O espantoso é que a Secretaria de Estado do Rio, com essa proposta, caminha visceralmente na contramão dos encaminhamentos concluídos nas reuniões da Conferência Nacional de Educação de 2010, do que foi acordado no novo Plano Nacional de Educação e do que vem sendo discutido no Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública, há poucos dias instalado por dezenas de entidades ligadas à educação, à cultura, aos movimentos sociais e às instituições de ensino e científicas do estado do Rio de Janeiro. Mais que isso, em total dissonância com a indicação que a Presidente da República, Dilma Rousseff, fez em seu discurso de posse, para enfrentar o problema da educação: reconhecer o professor como a autoridade pedagógica de fato e de direito.
"Mas só existirá ensino de qualidade se o professor e a professora forem tratados como as verdadeiras autoridades da educação, com formação continuada, remuneração adequada e sólido compromisso com a educação das crianças e jovens". (Dilma Rousseff, Discurso de posse, 01.01.2011).
Os debates e proposições aí implicados vêm afirmando insistentemente que não se fará educação de qualidade sem restituir às instituições plenas condições de funcionamento, tornando-as atrativas e adequadas ao bom aprendizado dos alunos; sem garantir, aos profissionais da educação, as condições de trabalho que favoreçam o efetivo exercício da autoria pedagógica e da atuação coletiva na construção do processo educativo escolar; sem dar sustentação a cada escola para que ela se torne o lugar de uma experiência participativa efetivamente capaz de ampliar seus sentidos como instituição pública.
Ignorando os acúmulos desse debate, a Secretaria aposta exatamente no seu contrário, impulsionando a estandardização da rede estadual, por meio da subordinação de sua organização e gestão pedagógica a critérios mercantis, e da sujeição de suas instituições e profissionais a relações de disputa e concorrência.
A estandardização da educação, dura e seriamente questionada hoje por vários setores da sociedade, camufla-se, comumente, por meio do discurso do mérito, do desempenho, da competência e da eficiência, omitindo a grave responsabilidade das próprias elites e do Estado, no Brasil, na longa história de produção reiterada de uma escola precária para a grande maioria da população. Caracteriza-se principalmente, no entanto, pelo estabelecimento de mecanismos padronizados capazes de operar o posicionamento diferenciado dos profissionais e das instituições, reiterando a produção desigual da escola por meio da sua suposta "modernização".
A instituição de premiações, a contratação de empresas gestoras de processos, o estabelecimento de mecanismos de avaliação orientados para a produção de rankings, a instauração de regimes de trabalho que associam a concessão de gratificações diferenciadas à atuação de profissionais e instituições em processos concorrenciais semelhantes a gincanas são exemplos dos mecanismos que operam essa crescente diferenciação. Seus resultados são já bem conhecidos: a intensificação do estabelecimento de regimes e estatutos profissionais diferenciados; a desagregação do professorado em decorrência da instauração de relações concorrenciais entre professores e entre escolas; o não reconhecimento do professor como profissional capaz de dispor sobre o próprio trabalho; a subordinação da gestão educacional e da ação escolar a agentes externos não coadunados com os fins e a função pública da educação; a consolidação de padrões desiguais de formação escolar.
Sem situar o professorado no coração do processo de resgate da qualidade da educação fluminense, melhorando significativamente o seu salário, carreira docente e condições objetivas de trabalho, não há perspectiva real de alterar de fato o atual quadro da educação básica, como sublinhou, também, o ex-Ministro de Assuntos Estratégico, Samuel Pinheiro Guimarães, no Seminário organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da UERJ - Qual desenvolvimento e Educação e para que Sociedade? - e do qual o atual Secretário de Educação do Estado participou na abertura.Recentemente, os Senadores Pedro Simon e Cristovam Buarque apresentaram Projeto de Lei pelo qual se estenderia o mesmo reajuste salarial aprovado para os Senadores, de 61,78%, para os professores da educação básica das escolas públicas. Os Senadores tomaram como referência a menor base do piso (não reconhecida pelas entidades que representam os professores, que era de R$ 1.024,00). Esse percentual de aumento representa, de fato, uma novidade, se considerarmos que os reajustes dos profissionais do campo das políticas públicas raramente se aproximaram das nababescas auto-concessões do legislativo e do judiciário. Deve-se, porém, observar que, aplicando aquele reajuste, o piso seria de R$ 1.656,62, 16,13 vezes menor que o salário pago aos parlamentares a cada mês: R$ 26.723,13; o equivalente a 3 salários mínimos. Cabe lembrar aqui que os professores não tem o acréscimo de verba de representação para a compra de roupa, livros, correio, transporte, vale alimentação, etc. E, com certeza, o nível de escolaridade médio dos deputados e senadores não é diferente, talvez menor do que dos professores.
Perguntas de quem não quer calar-se perante o cinismo: Por que não colocar o mesmo piso de 1.656,62 aos ministros, governadores, deputados, senadores, prefeitos, vereadores, judiciário, professores universitários, juízes, desembargadores, delegados, generais, etc. e estabelecer uma espécie de IDEB de cada função, com metas quantitativas, oferecendo ao final de cada ano mais três destes salários-base por produtividade? Quem se candidataria a tão nobres funções por essa mixaria e com tal pressão e controle? Por que não, também, estipular este valor como margem máxima de lucro para os banqueiros e empresários? Já imaginaram? Pois, senhores, estão oferecendo esta mixaria aos que cuidam da educação básica da maioria do povo brasileiro (a escola pública no segmento da educação básica - do ensino fundamental ao médio - atende mais de 80%dos estudantes), menos, certamente, dos filhos das profissões ou atividades, entre outras, listadas acima.
Os milhares de professores que atuam na educação pública brasileira podem ser tudo, menos idiotas. O que se está propondo no Estado do Rio de Janeiro e em muitos outros estados e municípios (entre os quais do Rio de Janeiro que se antecipou ao estado) resulta de opções tecnocratas, apoiadas na ideia de que a educação não é um direito social e subjetivo, mas um serviço, uma mercadoria e, por isso, como a define o Secretário, um "negócio falido" como qualquer outro. Nesse quadro, os docentes são tidos como meros entregadores dos pacotes de conteúdos previamente preparados por economistas, administradores, empresários... que se assumem como "autoridades em educação".
Professores, pais, responsáveis, jovens e estudantes, unamo-nos às dezenas de entidades que instalaram em dezembro de 2010 o Fórum Estadual em Defesa da Educação Pública no estado do Rio de Janeiro, no dia 23 de fevereiro próximo, na UERJ, para dizer alto e em bom som: não queremos ser idiotizados. Não reconhecemos essas medidas como legítimas, porque ignoram a história de luta da sociedade brasileira de quase um século pelo direito efetivo à educação pública de qualidade."

(Fonte: Artigo publicado no Jornal Folha Dirigida de 11/01/2011)
via blog SOS Educação Pública (soseducacaopublica.blogspot.com)
I rest my case.

Tuesday, June 14, 2011

Mama Klump e "otras cositas más"

Não pela gordura, mas pela bobeira, algumas mães tendem a se parecer muito com a mamãe Klump do filme "O professor aloprado". O grupo de mães do Karatê onde levo meu filho tem pelo menos um exemplar. A criança toda descontraída lá, se exercitando, faz uma brincadeira qualquer que a mãe não aprova e ela, do lado de fora da sala, começa a chamar: "Fulano! Fulano! Pára! Brinca direito" enquanto faz o gesto típico da Dona Klump de bater palminhas. Que coisa...
UPDATE: Hoje foi o mais engraçado. A mãe descrevia para o grupo como a turminha estava se comportando enquanto o filho e outro coleguinha se enfrentavam no tatame. Dizia ela: "Tava daqui pra cá, todo mundo gritando: "Vai Fulano" e do outro lado até a parede torcendo pro Sicrano. Lado A e lado B..."
***
Pra quem não sabe, estou em greve. Aliás, estamos. Pois é, se você não sabe, não se culpe nem se martirize, você não é o único. Há uma certa "cortina de fumaça" envolvendo o movimento dos professores do estado do RJ. Mas em breve isso mudará. E aí você poderá dizer que soube primeiro, hehe.
***
Isso ainda não virou moda aqui, mas nos EUA todo mundo sabe que existem três meios de enriquecer depressa: o primeiro, que já caiu em desuso por lá, é encontrar ouro; o segundo, um pouco mais difícil, é inventar um "gadget" qualquer pra vender no canal de compras; e o terceiro, que é líquido e certo, é processar alguém ou alguma empresa. Não tem erro. Lembra do J. J. Jameson, do "Homem aranha"? "Let him sue. Get rich like a normal person."
Lá chega a ser ridículo, mas se processa por qualquer idiotice motivo bobo. O senso de justiça deles aliado ao forte individualismo faz com que isso seja quase uma obrigação: se alguém te prejudicou, não importa em que nível, processe!
Só temos que tomar cuidado porque o feitiço, ou melhor, o processo pode virar contra quem processou... Se for entrar com alguma reclamação no PROCON, esteja disposto a ir a todas as audiências que marcarem, não importa a data e por favor, NÃO SE ATRASEM!! Perdi uma causa e estou sendo intimada a pagar por um processo que nem foi arquivado, foi EXTINTO, porque cheguei dez minutos atrasada. Ainda estou brigando, pois foi no Juizado especial, logo considera-se que não tenho grana pra pagar advogado, menos ainda custas de processo. E não foi má-fé, estava lá, mas infelizmente quando a empresa se atrasa a gente tem que esperar, mas eles não podem. Por isso, cuidado.
Mais uma coisa: Se quiserem ou precisarem de empréstimo consignado, me façam um favor: não façam na maldita CACIQUE !! Ela é a CCE das empresas de crédito. É fazer e ter aborrecimento na certa. A não ser que vocês queiram ter em seu contracheque um desconto em dobro (a parcela do mesmo empréstimo descontada duas vezes), durante quase um ano. Ou um refinanciamento de um empréstimo que você não fez.

Wednesday, June 01, 2011

here's my mood for today


True Faith (New Order)

"I feel so extraordinary
Something's got a hold on me
I get this feeling I'm in motion
A sudden sense of liberty
I don't care 'cause I'm not there
And I don't care if I'm here tomorrow
Again and again I've taken too much
Of the things that cost you too much
I used to think that the day would never come
I'd see delight in the shade of the morning sun
My morning sun is the drug that brings me near
To the childhood I lost, replaced by fear
I used to think that the day would never come
That my life would depend on the morning sun...

When I was a very small boy,
Very small boys talked to me
Now that we've grown up together
They're afraid of what they see
That's the price that we all pay
Our valued destiny comes to nothing
I can't tell you where we're going
I guess there was just no way of knowing
I used to think that the day would never come
I'd see delight in the shade of the morning sun
My morning sun is the drug that brings me near
To the childhood I lost, replaced by fear
I used to think that the day would never come
That my life would depend on the morning sun...

I feel so extraordinary
Something's got a hold on me
I get this feeling I'm in motion
A sudden sense of liberty
The chances are we've gone too far
You took my time and you took my money
Now I fear you've left me standing
In a world that's so demanding
I used to think that the day would never come
I'd see delight in the shade of the morning sun
My morning sun is the drug that brings me near
To the childhood I lost, replaced by fear
I used to think that the day would never come
That my life would depend on the morning sun..."

Just FYI, not takin' drugs, ok? Just musical therapy.

Tuesday, May 31, 2011

Os dez piores alimentos que ingerimos

(fonte: blog Cura pela natureza)


"Nutricionista lista os dez piores alimentos para o corpo humano
de Solange Lutibergue

10º lugar: Sorvete. Apesar de existirem versões mais saudáveis que os tradicionais sorvetes industrializados, a nutricionista Michelle Schoffro Cook adverte que esse alimento geralmente tem altos níveis de açúcar e gorduras trans, além de corantes e de saborizantes artificiais, muitos dos quais possuem neurotoxinas – substâncias químicas que podem causar danos no cérebro e no sistema nervoso.
9º lugar: Salgadinho de milho. De acordo com Michelle, desde o surgimento dos alimentos transgênicos, a maior parte do milho que comemos é um “Frankenfood”, ou “comida Frankenstein”. Ela aponta que esse alimento pode causar flutuação dos níveis de açúcar no sangue, levando a mudanças no humor, ganho de peso e irritabilidade, entre outros sintomas. Além disso, a maior parte desses salgadinhos é frita em óleo, que vira ranço e está ligado a processos inflamatórios.
8º lugar: Pizza. A nutricionista Michelle destaca que nem todas as pizzas são ruins para a saúde, mas a maioria das que são vendidas congeladas em supermercados está cheia de condicionadores de massa artificiais e conservantes. Feitas com farinha branca, essas pizzas são absorvidas pelo organismo e transformadas em açúcar puro, causando aumento de peso e desequilíbrio dos níveis de glicose no sangue.
7 º lugar: Batatas fritas. Contêm não apenas gorduras trans, que já foram relacionadas a uma longa lista de doenças, mas também uma das mais potentes substâncias cancerígenas presentes em alimentos: a acrilamida, que é formada quando batatas brancas são aquecidas em altas temperaturas. Além disso, a maioria dos óleos utilizados para fritar as batatas se tornam rançosos na presença do oxigênio ou em altas temperaturas, gerando alimentos que podem causar inflamações no corpo.
6º lugar: Salgadinhos de batata. Além de causarem todos os danos das batatas fritas comuns e não trazerem nenhum benefício nutricional, esses salgadinhos contêm níveis mais altos de acrilamida, que também é cancerígena.
5º lugar: Bacon. Segundo a nutricionista, o consumo diário de carnes processadas, como bacon, pode aumentar o risco de doenças cardíacas em 42% e de diabetes em 19%. Um estudo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, descobriu ainda que comer 14 porções de bacon por mês pode danificar a função pulmonar e aumentar o risco de doenças ligadas ao órgão.
4º lugar: Cachorro-quente. Michelle cita um estudo da Universidade do Havaí, também nos EUA, que mostrou que o consumo de cachorros-quentes e outras carnes processadas pode aumentar o risco de câncer de pâncreas em 67%. Um ingrediente encontrado tanto no cachorro-quente quanto no bacon é o nitrito de sódio, uma substância cancerígena relacionada a doenças como leucemia em crianças e tumores cerebrais em bebês. Outros estudos apontam que a substância pode desencadear câncer colorretal.
3º lugar: Donuts (rosquinhas). Entre 35% e 40% da composição dos donuts é de gorduras trans, “o pior tipo de gordura que você pode ingerir”, alerta a nutricionista. Essas substâncias estão relacionadas a doenças cardíacas e cerebrais, além de câncer. Para completar, esses alimentos são repletos de açúcar, condicionadores de massa artificiais e aditivos alimentares, e contêm, em média, 300 calorias cada.
2º lugar: Refrigerante. Michelle conta que, de acordo com uma pesquisa do Dr. Joseph Mercola, uma lata de refrigerante possui em média 10 colheres de chá de açúcar, 150 calorias, entre 30 e 55 mg de cafeína, além de estar repleta de corantes artificiais e sulfitos. “Somente isso já deveria fazer você repensar seu consumo de refrigerantes”, diz a nutricionista. Além disso, essa bebida é extremamente ácida, sendo necessários 30 copos de água para neutralizar essa acidez, que pode ser muito perigosa para os rins. Para completar, ela informa que os ossos funcionam como uma reserva de minerais, como o cálcio, que são despejados no sangue para ajudar a neutralizar a acidez causada pelo refrigerante, enfraquecendo os ossos e podendo levar a doenças como osteoporose, obesidade, cáries e doenças cardíacas.
1º lugar: Refrigerante diet. “É a minha escolha para o pior alimento de todos os tempos”, diz Michelle. Segundo a nutricionista, além de possuir todos os problemas dos refrigerantes tradicionais, as versões diet contêm aspartame, que agora é chamado de AminoSweet. De acordo com uma pesquisa de Lynne Melcombe, essa substância está relacionada a uma lista de doenças, como ataques de ansiedade, compulsão alimentar e por açúcar, defeitos de nascimento, cegueira, tumores cerebrais, dor torácica, depressão, tonturas, epilepsia, fadiga, dores de cabeça e enxaquecas, perda auditiva, palpitações cardíacas, hiperatividade, insônia, dor nas articulações, dificuldade de aprendizagem, TPM, cãibras musculares, problemas reprodutivos e até mesmo a morte. “Os efeitos do aspartame podem ser confundidos com a doença de Alzheimer, síndrome de fadiga crônica, epilepsia, vírus de Epstein-Barr, doença de Huntington, hipotireoidismo, doença de Lou Gehrig, síndrome de Lyme, doença de Ménière, esclerose múltipla, e pós-pólio. É por isso que eu dou ao refrigerante diet o prêmio de pior alimento de todos os tempos”, conclui."

Você pode até não ser "natureba" e comer tudo certinho, mas vamos combinar? Pelo menos evitar esse tipos de alimentos que são mais nocivos, né?? Valeu.

Wednesday, April 20, 2011

Cora Rónai, falou e disse

"O fundo do poço é igual à boca do poço, só que é diferente. No fundo do poço tudo parece continuar na mesma. Os dias se sucedem, os problemas e os livros na mesinha de cabeceira se acumulam, as contas chegam, o elevador para para manutenção, chove e faz sol como a meteorologia é servida. A aparência de normalidade é tão angustiante que dá vontade de gritar. Para quem está no fundo do poço, “normalidade” é um estado que não existe.
Problemas e contratempos que, na superfície, têm enorme significado, passam a acontecer num universo paralelo, sem substância. No fundo do poço nada tem importância além do que realmente importa: a pedra no peito, o medo de pensar, o pavor do silêncio, a ausência de sinais de vida verdadeira.
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O ar é pesado no fundo do poço, mais ou menos como a água que, em mergulhos profundos, é tão pesada que achata as bolhas de ar. Quem já esteve no mar sabe como é. É por isso que, no fundo do poço, às vezes até respirar dói.
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O mundo e as pessoas são diferentes vistos do fundo do poço; os gestos – ou a ausência deles – ganham dimensões às vezes amplificadas, às vezes distorcidas, como imagens vistas à distância num deserto escaldante. Por outro lado, se há uma vantagem no fundo do poço, é a nitidez com que se percebem os sentimentos, nossos e dos outros.
Amigos próximos que não dão sinal de vida talvez não sejam tão amigos ou tão próximos; conhecidos distantes, às vezes até geograficamente, revelam-se surpreendentemente próximos. No fundo do poço, qualquer carinho reverbera nas paredes e, como um eco, é por elas amplificado; um abraço mais apertado, um olhar que diz “Estou aqui”, um email. O silêncio, inversamente, escorre poço abaixo, como uma gosma gelada, criando dúvidas e distâncias onde, em circunstâncias normais, nada existiria. Mas, eu não sei se já disse, no fundo do poço não há circunstâncias normais.
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A vida não para no fundo do poço, mas se torna bastante difícil. Acordar é uma decisão penosa, e muitas vezes inútil: acorda-se na cama para pouco depois se adormecer no sofá. Nos dias bons dorme-se o tempo todo no fundo do poço, um sono pesado e sem sonhos. Nos dias ruins quase não se dorme, porque basta fechar os olhos para que os sonhos se transformem em pesadelos. Os dias bons, felizmente, são maioria.
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No fundo do poço o cérebro é, na melhor das hipóteses, um orgão inútil. Não serve para nada. É incapaz de se lembrar de um nome, de um número ou de tarefas a cumprir. Não consegue se concentrar o suficiente para a leitura de um livro, ou para que um filme faça sentido: no fundo do poço, um filme é apenas uma sucessão de imagens desconexas e desinteressantes, incapazes de segurar o olhar.
Reduzido ao seu nível mais primário de funcionamento, o cérebro serve apenas para executar tarefas simples, como jogar Angry Birds ou subir fotos para o Instagram.
Mas não me entendam mal: um cérebro imprestável desses é uma benção, porque nos dias em que funciona como deveria, o cérebro é a mais eficiente máquina de lembranças e pensamentos torturantes.
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Nada vale a pena no fundo do poço: sair de casa, andar pela cidade, ir ao shopping, criar ikebanas, montar quebra-cabeças. Dizem que exercício ajuda, mas para fazer exercício é preciso chegar à academia, e para chegar à academia é preciso sair de casa – sair de casa sendo, talvez, uma das coisas mais difíceis de se executar no fundo do poço. Até encontrar os amigos é complicado, porque as conversas se tornam tão difíceis de acompanhar quanto a atmosfera feliz que costuma reger tais encontros.
Viajar quebra um pouco essa rotina asfixiante, mas na verdade não resolve nada, apenas leva o fundo do poço para outra paisagem.
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Os gatos sabem o que é o fundo do poço e evitam perder seu bípede de vista. Fazem turnos de colo e de demonstrações de afeto e, à noite, esquecem suas eventuais divergências para dormir todos juntos na cama, formando uma pequena barreira de bigodes contra os maus espíritos.
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O fundo do poço tem poder. Quanto mais tempo se passa no fundo do poço, mais tempo se passa no fundo do poço. Lutar contra o fundo do poço é praticamente impossível. Pode-se fugir dele por pequenos intervalos de tempo, com simulacros mínimos de normalidade: acender bastõezinhos de incenso, fazer as unhas, passar hidratante, cortar o cabelo, usar perfume. Não adianta nada, mas despista.
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Só se pode ver o fundo do poço com a ajuda da indústria farmacêutica. A seco, o fundo do poço aperta o coração, corta a respiração e vira um buraco negro de dimensões e conseqüências inimagináveis. Um tarja preta bem receitado permite, porém, que se veja o fundo do poço como ele é – como se nos víssemos a nós mesmos de um outro plano, uma outra dimensão. O fundo do poço não desaparece, mas torna-se compreensível, uma esfinge enfim decifrada.
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Não se consegue chorar no fundo do poço."

(O Globo, Segundo Caderno, 31.3.2011)

Ainda não consigo ver o fundo do poço como ele é, mas já enxergo as paredes - e parece que, em sendo estreitas, talvez me permitam escalar...
Cora, substitua no texto Angry birds por QuadraPop(tm), e o Instagram pelo PhotoDJ(tm) e bem vinda (em termos) ao meu poço.

blog novo

casa de fazenda colonial
Casa antiga e aconchegante - feito o blog (imagem: google)
Falta do que fazer é uma merda, né? Mas não é isso não. Primeiro, deixa eu explicar. Se a Bruna Surfistinha, que tinha uma profissão bem mais light que a minha (pô, surfe é muito maneiro, super relaxante e tal, hehe...), e ainda tinha que desabafar sobre ele num blog, imagina eu? Depois que comecei a trabalhar para a cafetina-mor do Brasil, i.e. Secretaria de Educação do Estado, menino, muita coisa mudou. Tenho visto e ouvido muita coisa, assim como meu marido (que está se virando como taxista enquanto tenta concursos), e algumas situações são bastante, digamos, pitorescas. Por conta do meu trabalho, entrei em contato com muitos outros professores, que inclusive fazem blogs também, mas a maioria é direcionada para sua área de ensino, ou focada na luta do magistério por mais respeito e dignidade. São raros os que mostram o dia a dia da escola, da sala de aula nos blogs. Eles preferem transformar isso em queixas diárias e amargas ou comentários ácidos e ressentidos em fóruns de comunidades do Orkut. E eu, claro, que adoro pegar os limões que a vida me dá e fazer uma bela de uma caipirinha, resolvi que vai ser o meu próximo blog. E aí é que entra a razão. Não é falta do que fazer, é necessidade de fazer algo que supra o que me falta. Ariana que sou, tenho mil coisas na cabeça, e menos que isso é sinal de que vou ficar cinco minutos por dia sem fazer ou pensar em nada, e isso pra mim hoje é problemático. Reconheço que desde que comecei em idos de1999, os blogs (e a própria internet por extensão) já me ajudaram a sair de poucas e boas. Não por suas páginas, mas pela minha expressão através dela. Ora criando blogs, modificando layouts, ora criando publicidade e entrando em listas de discussão e comunidades para trocar idéias. A internet é um problema, um vício, sim, pra quem não entende. Ela não é solução, mas ela ajuda a criar soluções. E a solução para meu momento é essa:
Aries Horns


Enjoy!

Wednesday, February 09, 2011

no title - not to be found

Is it ok to say that I’m depressed?
I know it’s not, and again, this blog is not meant to be about what I think people think about me, it’s just about my things, period. But…
*sigh…
I wanted to be another one, to have an alias, especially for these situations. I need to let lots of things out, I just don’t know how. It’s anguishing. It’s killing me.
Crap. The only thing I can do at least fine and now I just can’t. God! Where have my writing gone? Probably, to the same place You took my happiness and joy for life.
Is it normal to say that I’m still mourning? Or people would find it strange, since I went through so well? People, what people think… here I go again. That’s the last of my problems right now.
Last year, I had plans. This year, I have only one: surviving with a minimal level of sanity. In other words, emerge from this Hell I’ve been living, suffering in silence, refusing to talk even to my partner for life, because I don’t know if he’s gonna get what I mean. Probably won’t. I can hardly explain to myself what my fears and angsts are.  Every time I try and open my mouth, it feels like he’s going to say that I’m trying to play the same role as in the blog “Jesus me chicoteia”. He doesn’t get me. The only person who could ever get me is not here anymore, and even if she was, I would never tell her how I feel, cause she wouldn’t be able to help, since she suffered the same. We would probably just be together, cry a lot, resent and self-indulge ourselves to death.  
I want to update my blogs, but I just can’t. I got stuck in Twitter, because it’s superficial enough to make my mind work on a level that it won’t freak me out with stupid nonsense thoughts. My house became a mess, cause I just can’t see the point on cleaning that hideous toilet that it’s going to be all stained in less time than the time I took to clean it. My work and my son are the only thing that keep me from being in bed all day, sleeping, getting fat and even sadder, if that’s possible. Everything is going down the drain, I’m being dragged down and down, I still wait on my Lord, but that seems not enough for me. Not that my faith is little, I believe, I swear I believe. I just have the feeling that it’s not just a matter of believing. My faith and all the faith in the world is not enough to make it be real, be true. I don’t know. I just can’t think about this anymore. I need to stop, I know this doesn’t make any difference, I know I have to live my life and be happy and seize the day and blablabla, I am conscious of that, I simply can’t stop doing it. Make it stop! I’m begging! 

Friday, January 21, 2011

Transtorno agudo dos tempos modernos...

Ou "Sindrome da falta de bom senso"

Psicologia, 1959 X 2010
Cenário 1: 
João não fica quieto na sala de aula. Interrompe e perturba os colegas.
1959
: É mandado à sala da diretoria, fica parado esperando 1 hora, vem o diretor, lhe dá uma bronca descomunal e volta tranquilo à classe. 


2010
: É mandado ao departamento de psiquiatria, o diagnosticam como hiperativo, com transtornos de ansiedade e déficit de atenção em ADD, o psiquiatra  lhe receita  Rivotril. Se transforma num Zumbí. Os pais reivindicam uma subvenção por ter um filho incapaz.

Cenário 2: 
Luís quebra o farol de um carro no seu bairro.
1959
:  Seu pai tira a cinta e lhe aplica umas sonoras bordoadas no traseiro... A Luís nem lhe passa pela cabeça fazer outra nova besteira, cresce normalmente, vai à universidade e se transforma num profissional de sucesso.


2010: Prendem o pai de Luís por maus tratos. O condenam a 5 anos de reclusão e, por 15 anos deve abster-se de ver seu  filho.   Sem o guia de uma  figura paterna, Luis se volta para a droga, delinque e fica preso num presídio especial para psicopatas.

Cenário 3: 
José cai enquanto corria no pátio do colégio e machuca o joelho. Sua professora Maria encontra-o chorando e abraça-o para confortá-lo...
1959
: Rapidamente João se sente melhor e continua brincando.


2010: A professora Maria é acusada de abuso sexual, condenada a três anos de reclusão. José passa cinco anos de terapia em terapia. Seus pais processam o colégio por negligência e a professora por danos psicológicos, ganhando os dois juízos. Maria renuncia à docência, entra em aguda depressão e se suicida... 

Cenário 4: 
Disciplina escolar
1959
: Fazíamos bagunça na classe... O professor nos dava umas boas broncas e/ou encaminhava para a direção; chegando em casa, nosso velho nos castigava sem piedade.

2010: Fazemos bagunça na classe. O professor nos pede desculpas por repreender-nos e fica com a culpa por fazê-lo . Nosso velho vai até o colégio se queixar do docente e para consolar o filhote compra-lhe uma moto. (mais um futuro doador de órgãos!)

Cenário 5: 
Horário de Verão.

1959:Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. Não acontece nadica de nada. 

2010
: Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. A gente sofre transtornos de sono, depressão, falta de apetite,  nas mulheres aparece celulite.

Cenario 6: 
Fim das férias.

1959: Depois de passar férias com toda a família enfiada num Gordini, após 15 dias de sol na praia, hora de voltar. No dia seguinte se trabalha e tudo bem.

2010: Depois de voltar de Cancún, numa viagem 'all inclusive', terminam as férias e a gente sofre da síndrome do abandono, pânico, attack e seborreia...