Bom, hoje comentaremos sobre a série (bem, foram dois livros/filmes, não?) “O diário de Bridget Jones”. Como comentário geral, pode-se dizer que o mote é muito bom (diários, blogs, sempre dão bons motes, hihihi...). É possível, estruturalmente falando, contar qualquer história, até mesmo uma romântica e sem-sal história de amor, através de uma narrativa em primeira pessoa, em formato de confidências a um diário. Veja bem, quando se conta uma história a alguém, a tendência é dissimular certos pecadinhos conscientes, ou distorcer algumas passagens constrangedoras para o narrador. Mas não se mente para um diário (a menos que seja seu peso, cigarros fumados ou calorias consumidas...!). Tudo se torna mais real, mais próximo, mais humano...e isso compensa o fato de estarmos lidando com uma pessoa inverossímil.
Não, é sério, Bridget Jones não existe! Não é papo de padre Quevedo não. Que pessoa (não estou nem me limitando ao sexo feminino) que aos 30 anos ainda depende emocionalmente dos pais, apesar de “odiar”, não sabe a quantas anda suas finanças, contrai dívidas e quebra pra, no minuto seguinte, sair às compras, simplesmente por estar deprimida? Ou ainda, gosta de uma pessoa, mas não confia, nem dá um crédito de confiança? Que confere a caixa postal de minuto em minuto, depois que desconfia que cometeu um erro ao não confiar na supracitada pessoa? Que se engana e se neurotiza com a própria balança? Sabe que vai se atrasar para o trabalho, um encontro ou algo do gênero, e não faz nada pra mudar isso? Que se perde em prazos porque devaneia demais? Tudo isso junto, e repito, aos 30 anos de idade? Geralmente encontramos esse padrão em uma adolescente. Psicologicamente falando, a adolescência não tem um período certo para acabar, e a maturidade não começa automaticamente. É tudo um processo, o que nos leva a crer que nossa Bridget nada mais é do que uma adolescente no corpo de uma balzaca.
Mas isso não tira a diversão, é claro. Pelo contrário, acentua ainda mais a diversão. Podemos rir livremente, sabendo que é (quase) impossível sermos iguais a ela. Estamos perdoadas, nos livramos do “roto rindo do esfarrapado”. Sem dúvida é uma ótima sensação. Vi primeiro o filme, tinha acabado de ser demitida, um pouco antes de saber que estava grávida. Precisava me divertir e desanuviar um pouco. Peguei o filme, e não me arrependi. Quase como um livro de auto-ajuda às avessas, ele me fez ver que a culpa nunca é da gente. Mesmo que seja, quase sempre. Apesar de todas as coisas estúpidas que se faz, sempre se pode ser feliz, encontrar alguém que, apesar de toda a nossa incredulidade, poderia até brigar no meio da rua por nossa causa, e que gosta até de todos os nossos defeitos.
Por fim, fora o fato de o filme enfatizar muito mais as relações amorosas do que o livro, ambos são muito bons. Os filmes são bem leves, bastante digeríveis, e os livros são fáceis de ler, dado o formato em capítulos curtos (dias, né?). Reserve para aqueles dias quando você se sente o cocô do cavalo do bandido. Você se surpreenderá com o resultado. E não se preocupe se você não tem paciência para ler. O filme faz o mesmo efeito. E você ainda se deliciar com Colin Firth e Hugh Grant se socando por uma mulher que pode ser você. Ou, se for homem, ver-se no lugar de Firth, apanhando e depois ganhando aquela gordinha que ta na seca, desesperada pra, er, ficar com você.
Próxima atração: Virginia Wolf ou Dan Brown? Fique ligado!!
No comments:
Post a Comment